sábado, 31 de janeiro de 2009

Bate na panela

Bate na panela
A panela tá vazia,
Bate na panela
Deixa a fome pra depois,
Bate na panela
extravasa essa alegria,
Bate na panela
Mesmo que vazia,
Bate na panela
Já que a vida vem bater
Na panela que é você!

O Julgamento do Tempo

A Dúvida pariu o Remorso,
E a Certeza o Arrependimento.
O Remorso morreu de noite,
Deixando a mãe em tal desalento.

Que sem filho e sem chão,
Igualmente ao julgamento de Salomão,
Disse que o Arrependimento era seu,
E que o filho da outra foi quem morreu.

Tal qual na história, a Certeza,
Em favor da criança, abriu mão.
Preterindo a razão em favor de sua cria.

E o Tempo, juiz de extrema esperteza,
Reconhecendo a mãe pela ação,
Mais uma justiça fazia.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Sem graça

O poeta ficou só
A espera de outros poetas,
Sua poesia emudeceu
E cessaram as canções...

Poesia é como viagens
que se faz atrás do lugar perfeito,
Quando se chega lá sozinho
A graça já viajou para outros cantos.

Ai só me restam as fotografias...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O Cabo da Enxada

Sou da cor da terra
Pois da terra fui Criado
Como a flor da primavera
que brota no campo arado.

Ai de mim se fosse mato
não durava muito tempo
não cumpria o meu intento
não seria o que sou

Ai de mim se fosse mato
logo a vida era ceifada
pela foice do desprezo
ou pelo fogo da queimada.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Dois assaltos e uma piada

Mãe e filha entram numa lojinha de conveniências a busca de um miojo para quebrar um galho no jantar.
Após breve procura, encontram o pacotinho do macarrão oriental ao mesmo tempo que um sujeito armado entra na loja, se aproxima do caixa e inicia o crime.
A filha assustada ao perceber o fato, aciona a mãe:
- Mãe, é um assalto!
A Mãe com o pacote de Miojo na mão,mesmo atenta ao acontecido, pra não perder a piada, responde:
- É mesmo,minha filha, este macarrão está um assalto!
Finalizado o assalto ambas saem da lojinha rindo com mais uma história engraçada para contar.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Esta casa

A Porta está fechada pode entrar se quiser...
Se quiser..., a porta está entreaberta, pode entrar...
A Porta está aberta... entra...
Tem janelas bem grandes, dá para ver a rua!

Pode sentar no sofá, pode tomar um café...
Pode deitar na minha cama... vem... se quiser...
Só não vá embora de repente
Nem me deixe aqui sozinho, tenho medo!

Esta casa é tudo que tenho
E ao mesmo tempo é ela que me prende...
A porta está fechada...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Jogo da memória

(Vamos Jogar...)


Memória
Esquecimento
Lembrança
E distração.

Me molha
Esquece o tempo
Alcança
Desconstrução.

Me olha
Tece o momento
Me toca
Na solidão.

Caminha
De encontro ao vento
Engana
A percepção.

Traduz
O que está por dentro
Avança
À ilusão.

Memória
De encontro ao vento
Alcança
O meu porão.

Me olha
O que está por dentro
Me toca
A percepção.

( Continue o jogo...)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ciclo

Já fui sólido
Um dia derreti
agora estou a ponto de evaporar
e recomeçar o ciclo

Já fui nuvem
Já fui mar
Agora sou apenas um iceberg no oceano.
E novamente me derreto.

Solidez Solidão

domingo, 4 de janeiro de 2009

O Feirante

Acordou cedo, como fazia todos os dias. Ainda se viam as estrelas decorando o céu bonito que emoldurava a pequena fazenda, O céu estava enluarado, do tipo que dá vontade de cantar uma moda de viola sentado a beira da fogueira com os amigos.
  A fazenda era simples, porém cuidada com muito carinho: uma pequena casa de pau a pique modesta, mas limpa, onde viviam ele, sua esposa e seus cinco filhos, o maior com sete anos e o menor ainda nos peitos da mãe.
 Ao lado da casa havia uma roça, onde plantava a comida do dia a dia, verduras e legumes variados que rendiam pro ano todo, e nos fundos da propriedade um pomar modesto onde colhia frutas diversas: goiaba, pitanga, sapoti, graviola jabotica, seriguela, genipapo e muitas outras preciosidades, este era o local da fazenda que mais gostava, lá, sempre que tinha um tempo, sentava ao pé de uma árvore, geralmente aquela que estivesse com os frutos de vez e ficava se deleitando com o cheiro daquelas frutas que entravam por suas narinas e lhe traziam imenso prazer, sentimento que era transformado em curtas orações de agradecimento a Deus.
 Mas naquela madrugada a lida era apressada, era dia de feira, onde vendia os poucos produtos que sobravam de sua fazenda, era com a escassa renda que comprava uma roupa para a mulher e as crianças e alguma coisa a mais para o dia a dia.
  A mula, que lhe servia de auxílio na longa caminhada semanal para a feira morrera poucos dias antes, pegou uma peste “braba” e não teve jeito, lhe sobrava agora apenas a sua força para encarar sozinho aquela jornada de quase dez quilômetros até a cidade.
Tomou um gole de café que acabara de fazer no coador de pano, comeu uma tapioca salgada que a mulher havia lhe preparado na noite anterior, no pequeno farnel levava um pouco de paçoca de carne de sol e farinha que seria o seu almoço daquele dia. Mordeu um pedaço de rapadura que lhe doeu os dentes da frente e lembrou-se do ditado: “Rapadura é doce mais não é mole não!” não entendeu bem por que lembrou disso.  Havia ao lado da mesa dois balaios unidos por um pedaço de madeira bem forte, com dois pedaços de couro velho e macio de cada lado, para amenizar o roçar da cangalha quando fosse  colocada nos seus ombros,  dentro de um balaio ia o genipapo colhido na sexta-feira, o cheiro da fruta se espalhava pela casa e ele lembrava dos tempos em que passou no pomar conversando com Deus e fazia uma curta oração bem baixinho enquanto arrumava suas tralhas. No outro balaio ia a farinha feita com a macaxeira no pilão velho de sua propriedade, e que ele guardava na fazenda para vender na feira.
 Colocou a botina no pé calejado e pôs a cangalha nos ombros, eram quase cinquenta quilos de peso, mas ele era forte, tinha aquela fortaleza adquirida na lida de sol a sol, construída no cabo da enxada.
   Seguiu na estrada de barro que levava até a cidade, a primeira hora foi tranquila o peso era muito, mas o cansaço ainda não era tão grande e a noite ainda cobria o seu caminho, mas aos poucos, como acompanhando os primeiros raios de sol, se ouvia o som dos pássaros, bem perto um curió dava seus gorjeios suaves, e aquela melodia lhe dava alegria e animo para continuar a caminhada.
 Quando  o sol se apoderou da escuridão, já se via no matagal a festa dos papa-capins e na copa das arvores os periquitos tuins fazerem a bagunça característica e isto lhe enchia o coração de esperança mesmo com peso que já começava a cansar suas costas tão sofridas, o couro macio nas hastes da cangalha parecia não fazer mais efeito algum e a dor já lhe fazia companhia na caminhada.
  Para descansar um pouco baixou a cangalha no chão e pensou na vida sofrida que levava, uma lágrima tentava rolar de seus olhos e era logo impedida pela sua dureza da roça, olhou então à frente, no topo de uma velha árvore, na beira da estrada, um casal de joão de barro, seu ninho simples e bem construído , e seu filhotinho já quase na época de dar ou seu primeiro vôo, pensou em sua família e novamente agradeceu a Deus de forma silenciosa. Pôs a cangalha na cacunda já ferida e seguiu seu caminho.
  Em pouco tempo o sol , antes suave, já lhe ardia a nuca e a testa , apesar do chapéu de palha a lhe cobrir a fronte. Olhou para o céu como a admirar, mas na verdade estava preocupado com o movimento das nuvens que indicava que viria chuva, e olha que em prever chuva ele era bom, sabedoria aprendida com seu falecido pai, pensou então em adiantar o passo já que carregava farinha no balaio e se pegasse chuva a farinha molhada não serviria mais para nada, “farinha boa se molhar não presta!”, e isto já havia acontecido algumas vezes e era sinônimo de falta de carne na mesa naquela semana, orou baixinho como de costume e prosseguiu sua dura jornada, agora de forma mais apressada e dolorida.
   Três horas de sofrimento pela longa caminhada com tanto peso nas costas se desfizeram como por milagre quando entrou na cidade e ainda cedo ajustou seus produtos no chão da pequena feira, a chuva foi só ameaça graças a Deus e não espantou o povo da feira, assim em pouco tempo a feira estava cheia de gente, com cantadores com seus cordéis já emitiam os primeiros versos que espalhavam poesia naquele ambiente de gente tão sofrida.
  Passado o dia, chegando o fim da feira, a farinha e o genipapo já estavam vendidos. Ele já havia comprado um vestidinho bonito pra mulher, umas peças pras crianças e algumas coisas a mais.
 Então como de costume foi até a barraca verde e enfeitada de forma vistosa no final da feira, que era de um compadre seu, um homem sorridente e com aparência de bonachão.
   Após uns dedos de prosa o homem lhe ofereceu que escolhesse um dos doces de sua quitanda, e ele pegou um sonho de açúcar mascavo embrulhado cuidadosamente num papel de seda azul, seus olhos se encheram de brilho, suas forças retornavam e como num filme de cinema se lembrou de toda aquela jornada da fazenda até a feira, passou a mão nas feridas em suas costas, a dor ainda se fazia presente, mas mesmo assim um sorriso lhe veio nos lábios ao mesmo tempo que mordia o primeiro pedaço do sonho.
 Naquele momento toda sua vida e aquela dura jornada se cobriam de sentido e ele mais uma vez em silêncio agradeceu a Deus.

(Baseado na canção "O Feirante" gravada por João Alexandre)

sábado, 3 de janeiro de 2009

Calçadas de Curitiba

As Calçadas de Curitiba
Com suas pedras irregulares
Em luta eterna com as mulheres
Em seus saltos de “arranha-ares”.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Faz sentido!

Posso fechar os olhos para tudo o que não quero,
Posso cerrar os lábios, não comer, não beber,
não beijar,não falar...
Só meus ouvidos me obrigam, de forma tão servil,
A ouvir conversas que não me dizem nada.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Dois Mários e um Manuel

Para conter tais poetas
Serão pequenas as antologias.
Quando se tem passárgada ,
Anjo torto ou Anjo Malaquias...
Seria muito mais adequado
se existissem Angelologias.
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