Um sabiá bateu na minha janela
A pancada foi tanta que deixou a marca do passarinho:
Asas, penas, bico... todos os detalhes,
Como uma gravura de cordel, ficaram lá.
Não soube se o bicho morreu
Ou se tá vivo por aí,
Ou se tá vivo por aí,
Mas sei que esteve aqui
E deu de cara no vidro.
E deu de cara no vidro.
Passei a semana olhando para o desenho
Admirando aquela figura delicada
Até que a chuva levou embora a imagem.
Fico pensando se a poesia
Que vem a dar de cara com minha janela
Não seria como aquele passarinho,
Pois dela eu só vejo a gravura
Estampada numa folha de papel.
E nem sei se ainda vive
A verdade que gerou aqueles versos
A verdade que gerou aqueles versos
Mas sei que suas marcas estão ali,
Marcas da verdade na minha vidraça de papel
Até que a chuva apague.