domingo, 26 de abril de 2009

Banzo

Minha mãe fazia acrobacias com pedrinhas,
Às vezes com laranjas,
Outras vezes com os sete filhos.

Cantava quase o dia inteiro,
Gostava de dançar
E escrevia nos seus diários aquilo que lhe vinha à mente.

Tinha um álbum de postais
Onde curtia o banzo da terra Natal
E a alegria de eternas lembranças.

Fazia um pudim de pão
Simples,
Mas com gosto de mãe.

Um dia ela me mostrou Deus
E algum dia, eu sei,
Deus me mostrará novamente ela.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Marulho

Pode-se ouvir em qualquer lugar
O barulho do marulho da praia
Se colar seu ouvido na concha do caracol.

Pode-se ouvir, ainda que vagamente,
O borbulhar de espuma e sal,
Das vagas batendo na areia da mente

Quem sabe isto seria de sorte,
A poesia do caracol,
Pulsando eterna após a sua morte?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Poema inacabado

Toda vez que lia aquele poema no caderno
Sentia uma mistura de alegria por telo escrito
e tristeza por não terminá-lo.

Um dia acrescentava versos,
Em outros suprimia estrofes inteiras
Por puro descontentamento.

E poema permanecia imóvel.

Estático como o poste na frente da minha janela
Transpassado por energia imensa
e ali, sem reação nenhuma.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Na margem da página

Na margem da página, como na margem de um rio,
Tenta em vão o poeta pescar palavras,
Enquanto estas insistem em nadar pra outra margem
É dura a vida de pescador!

Na outra margem, sem pressa,
Outro poeta, não pesca, apenas contempla
O incrível nado sincronizado
De centenas de palavras.

Não quer capturá-las, as palavras devem ser livres,
( Apenas contempla extasiado )
E as imagens seguem nadando da sua cabeça
Para a margem do papel.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Minha poesia não presta

Minha poesia não presta
Não presta como entretenimento
Não presta para liberar meus fantasmas
Não presta para cantar canções
Não presta para rir, nem chorar.

Minha poesia não presta.
Não serve, não se aproveita,
Não se adapta, não é útil,

Minha poesia não é nada se for só minha,
Pois se eu achar que o que vem de mim é meu,
Pode ter certeza: a poesia desapareceu!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Amar é dar

O amor não se guarda em cofre como um tesouro intocável,
O amor não se canta em odes de versos sentimentais,
O amor não está nas flores entregues como desculpa,
Amor que só se sente não está nem perto de ser amor.

Creio no amor atitude
Creio no amor ação
Que se doa sem limite
Que se dá sem contenção

Amor de um gesto simples
das pequenas coisas do dia a dia
Capaz de criar um sorriso
Apenas com um olhar.

O amor que não tem medo,
Que não tem pressa,
Que não se ofende em esperar,
Que se alegra apenas com o fato de amar.

O amor não tem, ele sempre é tido.
Amar é dar, dar, dar...

sábado, 11 de abril de 2009

Poesia com cheiro

A dança de aromas que invade a feira
Me embriaga o olfato com lembranças,
Odores que brincam entre as barracas abarrotadas
Como crianças entre os brinquedos do parque.

Quem me dera escrever uma poesia com cheiro!
Quem me dera expressar nestes versos
A multidão de fragrâncias que me abraçam!
Invisível milagre olfativo.

Lista 1

A Espécie,
O esperma,
A espera,
O espirro,
O espaço,
O espelho
A espinha
A espingarda
A espreita,
O espírito,
O espectro,
O Espectorante...

A organização das listas é em si uma procura,
Uma busca frenética em meio ao caos não aparente.
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