sábado, 23 de maio de 2009

Madrugada Morna

Acordo na madrugada morna, os olhos estão chumbados, mas a mente em turbilhão ricocheteia entre os oito cantos do quarto. O ziguezaguear me deixa tonto e perplexo. Pergunto: o que fazer? Minha pergunta volta em um infinito ecoar de cachoeira.

Olho em volta e me detenho em duas pequenas mariposas que voam freneticamente em volta de um sol-miragem ao lado da cama. Jogo pro lado o travesseiro e atravesso o tempo a observar a ilusão da falsa luz que não as leva a lugar algum. Persigo a mesma utopia. Sou apenas mais um inseto neste mundo de sapos! Ouço novamente os ecos de meus questionamentos.

Levanto, sigo desnorteado pelo corredor como quem foge de uma prisão, mas ainda me sinto preso. Tomo um copo d’água, a sede continua. Continua e nua, sede de não sei que.

Pela janela, entre as grades, observo os poucos carros que passam quebrando a monotonia da madrugada. De onde eles estão vindo? Prá onde será que irão? Meu Deus! Nem sei de mim, por que ainda me preocupo com tais coisas? Olho prá rua como Narciso em frente ao espelho! Olho pra mim como a enfrentar a esfinge, decifra-me ou te devoro!

Volto pro quarto, arrumo os travesseiros, tento espantar a insônia que insiste em me chamar pra briga, olho pro lado e vejo as mariposas caídas ao lado do abajur, cadavérico fim de uma busca sem sentido algum.

A insônia persiste, é forte. Mas eu também serei forte quando brilhar o primeiro raio de sol da aurora. Eu também serei forte quando a verdadeira luz entrar por entre as frestas da cortina.

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